No caso, o texto se refere principalmente ao último capítulo do livro, lançado em 2011 pela editora Annablume. Esse trecho, no fim das contas, acaba sintetizando boa parte das idéias discutidas ao longo da obra, mas ressalto aqui a questão da irracionalidade e do sombrio, das emoções violentas que o Vampyroteuthis representa na fábula de Flusser, a partir da minha leitura.
Tentei tornar compreensível mesmo a quem não leu o livro, mas não sei se consegui fazer isso.
O molusco que há em nós
Vampyroteuthis
infernalis (2011, Annablume), de Vilém Flusser, é uma fábula na qual o
pensador tcheco-brasileiro usa como personagem principal um molusco que vive em
águas abissais e dá nome à obra. Este é analisado em suas propriedades fisiológicas
durante boa parte das 160 páginas, que ainda contam com ilustrações feitas pelo
biólogo francês Louis Bec, amigo de Flusser. Apesar de, à época do lançamento,
a leitura ter provocado confusão entre o que seria real e fictício, entende-se
que Flusser fala sobre o ser humano, usando o animal como uma alegoria a suas reflexões
existencialistas.
O último capítulo, “A emergência do
Vampyroteuthis”, sintetiza as principais considerações feitas pelo autor, que
usa o molusco ora como uma representação das relações de alteridade, ora como referência
às qualidades humanas. Isto é, o próprio nome do animal traz a ideia de algo
profano e sombrio ao unir a figura fantástica e aterrorizante do vampiro ao atributo infernal que lhe convém. Com isso, Flusser encontra no tenebroso
aspecto da criatura marinha uma outra faceta do ser humano, tão recalcada
quanto a “besta” que se esconde nas profundezas do oceano, sob altíssimas
pressão e temperatura.
Ainda que nós vivamos na superfície,
em condições atmosféricas quase opostas às do habitat do Vampyroteuthis, há
muito em comum entre as duas espécies. Um dos pontos de encontro aparece junto à prática da pesquisa e exploração. Flusser indica que, independentemente da
área pela qual se siga uma investigação, inevitavelmente nos deparamos com a
figura do molusco ao mesmo tempo que com a nossa própria. O motivo é que o
Vampyroteuthis “habita todas as nossas profundidades, e nós o habitamos”
(p.126)¹. Assim, “este encontro de si próprio no outro extremo do mundo é o
derradeiro propósito de todas as explorações humanas. Porque, ‘no fundo’, o
único tema do homem é o homem” (Idem).
Flusser, então, parece dizer que, no
fim das contas, estamos sempre falando de nós mesmos, humanos,
independentemente do que estejamos estudando. Este é o nosso ponto de partida e
disto não conseguimos fugir, porque não somos capazes de pensar senão pela
linha de raciocínio própria ao homem e, portanto, encontramo-nos em tudo, junto
à imagem do Vampyroteuthis. Mas mais do que vislumbrar tal tendência como uma
limitação de nossa espécie é entender que isso ocorre porque, justamente, o
mundo interior ao humano se reflete numa “simetria de espelhos contrapostos”
com o mundo exterior. E isso acontece pelo “estar-no-mundo humano. O homem se
reflete no mundo, e o mundo, no homem, e este vai-vem de contraposições
refletidas é a própria realidade humana” (p.126). Ou seja, os abismos das
paisagens geográficas se conjecturam com os abismos interiores a nós: “os
abismos refletem o explorador e o explorador os abismos” (Idem).
Montagem
compara o neurônio com a simulação de um mapa do universo, o nascimento de uma
célula com a morte de uma estrela e o olho humano a uma nebulosa
Se outrora as explorações visavam à
busca pela pedra da sabedoria, hoje, Flusser arrisca, procuramos os limites do
humanamente possível. E, nessa empreitada, afinal, sempre nos esbarramos com o
Vampyroteuthis – o que não é um defeito, mas uma prova de que estamos
avançando. O autor lista alguns exemplos desse encontro, levando-se em conta a
teologia, cibernética, análise lógica e psicossociologia, áreas nas quais tal
evento se desemboca, respectivamente, na “morte de Deus”, no pensamento
programado, no cálculo proposicional e no romantismo assassino do
“nazismo”. Isto é, à medida que
avançamos e mergulhamos nos abismos do conhecimento (porque ele é profundo,
obscuro e infinito tal qual o acidente geográfico), defrontamo-nos com a figura
assustadora e terrível do Vampyroteuthis, que nos abraça e nos suga com seus
tentáculos. Em consequência, nós nos perdemos nele: deixamo-nos seduzir e
caímos em sua tentadora armadilha da irracionalidade.
Uma analogia desse fenômeno descrito
metaforicamente por Flusser poderia ser feita conforme o filme Pi (1998), de Darren Aronofsky. Nessa
obra, Max, interpretado por Sean Gullette, é um matemático que resolve estudar os padrões no mundo,
reconhecendo que certas expressões numéricas se dão de forma constante, como a
espiral áurea. Isto é, o personagem tenta racionalizar tudo que há na vida,
entendendo que ela pode ser explicada a partir da matemática. Por outro lado, ele
reconhece que há eventos que não são padronizados, como as cotações da bolsa de
valores e o próprio número Pi.
Ao
longo do enredo, Max se envolve numa
fixação por descobrir os padrões dessas duas exceções, a ponto de ficar
enlouquecido e cair nos abismos de sua própria mente – tanto que ele tem surtos
frequentes, nos quais desmaia ou infringe o próprio corpo. Enquanto tenta
desvendar tal problema, o protagonista ainda é abordado por um membro da
Kabbalah, que enxerga em suas pesquisas uma congruência com um dos mistérios de
sua seita. Ao mesmo tempo em que o matemático encontra uma certa sequêcia de
números composta por 216 dígitos, ele também é alertado de que, segundo a
Kabbalah, Deus tem um nome secreto que possui 216 letras – lembrando que cada
letra no alfabeto hebraico rege um valor numérico e simbologia. E esse
número, inclusive, é o qual agentes da bolsa querem roubar do personagem, para
poder lucrar nas transações. É racional e irracional.
Uma das cenas de
Pi (1998), na qual o protagonista
machuca a si mesmo depois de um período de surto diante de seus estudos
Isto é, independentemente se
seguimos explorando pelo caminho da matemática ou da religião, acabamos caindo
nesse caos que Flusser chama de trajeto que não vai “‘até as mães’, mas é
viagem de Alice ao país das maravilhas, viagem através dos espelhos” (p.127). E
é nesse momento em que perdemos a sobriedade e nos deixamos ser envolvidos
pelos tentáculos do Vampyroteuthis, que nos fascinamos pelas trevas, perdemos
nosso controle e desvirtuamos nosso equilíbrio entre o racional e irracional.
Flusser explica tal fenômeno à
metáfora da emergência do Vampyroteuthis, que explode ao se deslocar de seu
nicho, em condições atmosféricas propícias a sua existência, para a superfície
onde nos encontramos. Se levarmos em conta que o molusco é, nesta obra, uma
alegoria do lado sombrio e da irracionalidade humana, o Id de Freud e a sombra
de Jung, entendemos porque Flusser diz que o encontro com a criatura se dá em
forma de morte de Deus, pensamento programado, nazismo etc. É porque, uma vez
que o alcançamos, finalmente o libertamos de sua pressão física, que é nosso
recalque moral. E evidenciamos que, afinal, o problema não está no bicho, mas
nas forças que o mantêm aprisionado aos abismos da Terra, que são também os
nossos.
No livro, o autor aponta que o
Iluminismo tentou domesticar o Vampyroteuthis. Levando-se em conta que o
movimento defendia a razão acima de todas as coisas, é natural que o molusco
tenha se tornado um inimigo a ser conquistado, educado. Assim, por meio da
ciência, as trevas da fé seriam eliminadas e o homem se fundamentaria como um
ser uno em racionalidade. Pensou-se que “bastaria descomprimir o Vampyroteuthis
para torná-lo inócuo e ‘civilizado’” (p.128), subindo-o pouco a pouco,
habituando-o às “condições atmosféricas reinantes na esfera da luz diurna”
(Idem) – Flusser, nesta citação, aproveita-se da alegoria de iluminação através
da ciência e técnica que, justamente, dá nome ao movimento. Mas, no fim das
contas, essa tentativa é falha: “o Vampyroteuthis não é educável e humanizável.
Que, malgrado toda tolerância, é intolerável” (Ibidem). Mesmo porque, apesar de
a ciência tentar se manter isenta de irracionalidade, muito dela mesma é
“contaminada” por aquilo que iluministas, positivistas e ateus repudiam: até
hoje, encontramos gnose entremeada à tecnologia, como denuncia, por exemplo,
Erick Felinto em A religião das máquinas
(Editora Sulina, 2005).
No entanto, vale lembrar também que as
forças que atuam sobre o recalque do Vampyroteuthis não são mantidas pelos
humanos, mas essa mesma pressão é a que faz com que o homem boie e o molusco
permaneça no fundo. Se esse equilíbrio for desfeito, o molusco emerge e o homem
afunda, sendo que tal troca não se dá senão como a perda total de ambos. E as
consequências disso são:
“Se os
teólogos elevam o inferno até o céu, é que estão infernalizando o céu. Se os
cibernéticos deliberam a programação, é que estão programando a deliberação. Se
os lógicos formalizam o pensamento, é que passam a pensar formas. Se os
nazistas libertam a voz do sangue, é que estão sufocando em sangue a liberdade.
O Vampyroteuthis não pode ser levado até a clara luz do dia: já que, ao
aparecer, surge com ele a paixão resplandecente da noite” (FLUSSER, 2011,
p.129).
Ou seja, o encontro
entre homem e Vampyroteuthis é um evento perigoso, porque muitas vezes sua
síntese se dá em um híbrido no qual se liberta o Vampyroteuthis no
homem e o homem no Vampyroteuthis. Elimina-se um ou outro, mas dificilmente os
dois se somam e se equilibram. Por isso, ao descobrir o molusco, muitas vezes
caímos na tentação de assumir o mal para transformá-lo em bem ou assumimos o
mal e o direito de sê-lo, bem como elevamos o inferno ao céu ou romantizamos
o inferno. Esses resultados são consequência da atitude de se querer salvar a
“vampyroteuthidade humana”, sobrepondo-a à “humanidade humana”.
E isso acontece porque é muito fácil se deixar levar
pelos encantos das sombras e das emoções violentas do Vampyroteuthis, quando,
na verdade, deveríamos buscar realizar, em nossas expedições, “um feito
acrobático de equilíbrio entre a insistência no intelecto e a entrega à
emotividade” (p.130). Para tal, o explorador deve tanto pensar em
prol da humanidade, seja pela faceta crítica e desperta ou por sua profundidade
emotiva, onírica e vertiginosa. Isto é, ao nos encontrarmos com o
Vampyroteuthis, devemos entendê-lo “não apenas como núcleo do lado emotivo no homem,
mas igualmente como sustentáculo do lado intelectual” (Idem), já que a sugestão
de Flusser é que nós não ajamos a partir da lógica de exclusão ou inclusão, mas
que façamos um amálgama das qualidades vampyroteuthicas e da racionalidade. Dessa
forma, o Vampyroteuthis poderá emergir sem explodir e o homem poderá assumi-lo
sem ser achatado e dominado por ele.
Para ilustrar essas duas forças, entre o irracional
e o racional, Flusser faz uma outra alegoria, remetendo à mitologia grega das
ninfas transformadas em monstros marinhos: Cila e Caribde representam,
respectivamente, no livro, o tipo científico de expedição e o tipo
“confessional”. O ponto de encontro com o mito se dá quando estas criaturas são
conhecidas por aparecer aos navegantes, alertando os perigos de sua empreitada,
sendo que Caribde é a única que permanece escondida – recalcada ao abismo.
É dito que Ulisses, antes de seguir sua travessia
pelo mar, é avisado por Circe sobre os monstros Cila e Caribde. A primeira,
dotada de seis cabeças, encontrava-se numa caverna no alto de um rochedo,
atirando seus longos pescoços para abocanhar os marinheiros de quaisquer
navegações que passassem a sua proximidade. Caribde, no entanto, aparecia na
forma de sorvedouro quase ao nível da água, o qual engolia todo e qualquer
barco que por ali passasse. Assim, as duas criaturas se tornaram provérbios que
indicam “perigos opostos, no caminho de alguém” (BULFINCH, 2006, p.236). Ou
seja, tanto a irracionalidade quanto a racionalidade podem aparecer numa
pesquisa (trajetória, reflexão) como obstáculos devoradores, caso estes não
sejam manejáveis, equilibrados: a ciência pode devorar, a emoção pode engolir.
Portanto, à medida que a ciência pretende obstinada
e cegamente atuar apenas a partir da objetividade e da racionalidade, ela acaba
“assassinando o Vampyroteuthis”, que no livro de Flusser representa o oposto.
Dessa forma, o molusco é reduzido a sua simples condição de bicho, castrando a
oportunidade de se apropriar de suas características científicas para, então,
apresentá-lo em forma de fábula. Isto é, é preciso sempre dosar: tal método
deve “recorrer às redes das ciências, que são os únicos órgãos dos quais
dispomos atualmente para orientarmo-nos nas profundezas” (p.131) e também fazer
com que tais fábulas não sejam ficções científicas, mas “científicas a serviço
de pesadelos e sonhos. Devem ser ‘ciências fictícias’, isto é: superações da
objetividade científica a serviço de um conhecimento concretamente humano”
(Idem). Daí podemos concluir que Flusser propõe o retorno à filosofia, que não
se alicerçava apenas na metafísica, mas também nas ciências naturais, como nos primórdios
da corrente grega.
E essa superação deve ocorrer porque o homem,
assunto central a nossa espécie, é animal das profundezas que o Vampyroteuthis
o habita. Porém, a biologia, entendida como ciência a serviço apenas da
racionalidade, acaba dissolvendo as virtualidades existentes no molusco. No livro, Flusser fala sobre uma
célula original que funcionaria como ponto de fuga para o desenvolvimento das espécies,
portanto, todas teriam em comum uma conexão primordial que é separada e
distinguida a partir das ciências biológicas.
Mesmo assim, cada criatura permanece “como um
monstro amputado de todas as suas virtualidades, salvo as que o caracterizam.
Tais monstros se ‘entredevoram’, e a evolução vai se desenvolvendo graças a tal
fratricídio generalizado” (p.132). Significa que Flusser entende que, conforme
todos seres são próximos entre si, ou mesmo irmãos, a busca pela sobrevivência (do
mais apto) acaba repercutindo em fratricídios. E isso não se limita apenas ao
reino orgânico, mas Flusser ainda menciona que as “máquinas inanimadas” vêm também
como uma ameaça à “cadeia alimentar” até então dominada pelo homem pós-industrial, pondo-o à mercê
de sua defasagem quando estas máquinas começarem a se desenvolver ainda mais e
ganharem características próximas ou mesmo superiores às dos humanos. Nessa passagem, na página
132, o pensador tcheco-brasileiro toca de leve em seu conceito de pós-história,
abordado em livro de mesmo nome, já visando ao poder dos aparelhos e dos
programas, bem como ao superdesenvolvimento da cibernética, indo de encontro
com os discursos neoluditas e distopias, nas quais as máquinas “devoram” os homens – desde Metropolis e Tempos Modernos a Matrix,
das máquinas fabris às cibernéticas.
Por fim, Flusser apresenta uma espécie de cena que
retomaria a questão do fascínio pelo Vampyroteuthis. Narra-se a ação de um
observador a encarar o molusco por detrás do vidro de um aquário, sendo que
essa superfície de separação tanto lhe conforta o medo do bicho como forja uma sensação
de segurança invisível, que afasta o animal do homem – assim como o recalque
que o pressiona aos abismos do oceano e da alma. E esse mesmo mecanismo é o que
reprime a violência do Vampyroteuthis, criatura que fascina e cria embaraço,
paralisia. Porque o observador sabe que, se o vidro quebrar e o ser se
libertar, teremos a explosão da sombra e da emoção violenta, o caos, o nazismo,
como diz Flusser.
Mas, ainda assim, tentamos nos comunicar, entrar em
acordo com o cefalópode que se esforça para manter uma conversação a partir da
modificação cromáticas de sua pele. Não sabemos como reagir a isso, mas é
preciso se relacionar com o outro sem transformá-lo em uma aberração (bater o
cachimbo contra o vidro), sem querer fazer as pazes, educá-lo ou mesmo dar-lhe
as costas e repudiá-lo. Devemos tratá-lo pelo que ele é. Por isso, a pergunta
do autor-observador é: por quê dar um pneu para um molusco brincar, como se
este fosse um chimpanzé? O funcionário questionado não sabe o que dizer, senão
retornar à sua condição infantilizada e recalcada pelos aparelhos que o fazem
informar o horário de fechamento do aquário, “conforme regulamento do sindicato
ao qual pertence” (p.134).
Concluindo, Flusser elenca alguns exemplos da
presença vampyroteuthica no mundo dos homens: sob a forma de moluscos próximos,
guardados em aquários; sob a forma de cadáveres emergidos no mar da China; como
serpente devoradora e mitológica; como ornamento antigo; sob forma de
ideologias sangrentas do programa de “direita” ou de constante orgasmo pela
revolução permanente, no caso da “esquerda”. Enfim, diversas representações
simbólicas são criadas, mas, acima de tudo, o Vampyroteuthis sempre esteve
presente em nosso próprio espelho, como nosso antípoda. “Pois contemplar tal
espelho, a fim de reconhecer-se nele, e a fim de poder alterar-se graças a tal
reconhecimento, é o propósito de toda fábula, inclusive desta” (p.134), que ilumina
as conexões entre molusco e homem, entre Homo demens e Homo sapiens.
Referências
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia. Histórias de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006
FELINTO, Erick. A religião das máquinas. Porto Alegre: Editora Sulina, 2005
FLUSSER,
Vilém. Vampyroteuthis infernalis. São
Paulo: Annablume, 2011
¹ Todas as referências sem indicação de autor se referem ao livro Vampyroteuthis infernalis.
¹ Todas as referências sem indicação de autor se referem ao livro Vampyroteuthis infernalis.
Gostei muito do que vc escreveu.
ResponderExcluirMas ficou uma pequena dúvida, o livro é escrito pelo Louis Bec e traduzido pelo Vilém Flusser, estou correto?
Ou o mito é apenas do Louis Bec?
Achei na travessa o livro e pedi de presente.
Abs
O Louis Bec fez as ilustrações do livro. Não sei se ele chegou a colaborar com alguma coisa em biologia, já que ele tinha essa formação também. O Flusser e ele eram bem amigos...
ExcluirCaraca, que texto bom...
ResponderExcluirObrigada, Rafael!
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