terça-feira, 25 de junho de 2013

Indonésia (2011): Punks são detidos em show e levados para doutrinamento islâmico

Via Billboard (Dezembro/2011)


A polícia da província mais conservadora da Indonésia invadiu um show de punk rock e deteve 65 fãs, acabando com seus moicanos espetados e retirando seus piercings por conta de serem um atentado aos valores islâmicos.

Coleiras de spike e correntes também foram tomadas dos jovens antes de serem jogadas em piscinas para limpeza "espiritual", como disse o chefe da polícia local, Iskandar Hasan, na quarta-feira.

Depois de substituir suas roupas "nojentas", ele distribuiu escovas de dente para cada um e gritou "usem-na".



A repressão marcou os últimos esforços das autoridades em promover os rígidos valores morais em Aceh, a única província nessa nação secular, habitada por 240 milhões de pessoas, as quais predominantemente são muçulmanas e estão submetidas às leis islâmicas.

Lá, o adultério é punido com apedrejamento até a morte. Homossexuais são postos na cadeia ou amarrados em público com bastões de vime. Mulheres são forçadas a usar lenços na cabeça e que, por gentileza, não vistam calças apertadas.


Não é muito claro o motivo pelo qual a polícia decidiu se meter com os punks.

Apesar de adolescentes tatuados e com piercings estarem há meses reclamando sobre insultos, a apreensão feita no show de sábado, no qual compareceram mais de cem pessoas, foi, de longe, um dos maiores e mais dramáticos golpes desde então.


Policiais com bastões em mãos afugentavam os fãs, muitos dos quais vieram de outras partes do vasto arquipélago para comparecer ao show.

Hasan disse que 59 rapazes e cinco mulheres foram postos em vans e levados ao centro de detenção policial a 30 milhas (60 quilômetros) da capital da província, Banda Aceh.

Eles ainda permaneceriam durante 10 dias numa reabilitação que contou com treinamento de disciplina em estilo militar e aulas de ensino religioso, incluindo recitação do Quorão, disse Hasan. Depois disso, eles foram mandados de volta para casa.


O punk de 20 anos, Fauzan, sentia-se humilhado.

"Por que? Por que o meu cabelo?!" ele dizia, apontando para sua cabeça lisa e raspada. "Nós não machucamos ninguém. Esse é o jeito que nós escolhemos para nos expressar. Por que eles estão nos tratando como criminosos?"



Às mulheres, algumas entre lágrimas, eram dados alguns pequenos e bruscos empurrões.

Hasan insistia que ele não havia feito nada errado.


"Nós não estamos torturando ninguém", disse o chefe de polícia". "Nós não estamos violando os direitos humanos. Nós estamos apenas tentando colocá-los de volta ao caminho certo dos valores morais".

No entanto, Nur Kholis, um comissário nacional humanitário achou as detenções deploráveis, dizendo que a polícia devia explicar que tipo de leis criminais haviam sido quebradas.

"Caso contrário, eles violaram o direito das pessoas de se reunirem e de se expressarem", disse Kholis, prometendo investigar o caso.



Aceh - onde o Islã chegou primeiro na Indonésia a partir da Arábia Saudita, séculos atrás - possui uma certa autonomia do governo central.

Isso foi parte de um contrato de paz negociado depois do tsunami de 2004, que matou 170 mil pessoas na província. O trato convencia tanto os rebeldes separatistas quanto o exército a baixar suas armas, já que ambos os lados não queriam fazer as pessoas sofrerem ainda mais.


Alguns governos locais em outras partes do país - os quais têm sofrido tremendas mudanças à rapidez do crescimento econômico e da modernização desde que o ditador Suharto foi destituído uma década atrás - também têm tentado banir o comportamento "imoral" como o uso de álcool, jogos de azar e beijar em público.

Eles têm obtido um sucesso limitado que, no entanto, é grande, porque a maior parte dos 200 milhões de muçulmanos do país praticam a fé moderadamente.

Homem e natureza surreais em Robert e Shana ParkeHarrison

As fotografias do casal Robert e Shana ParkeHarrison não chamam a atenção apenas pelo fato de terem mais de vinte coleções expostas em diferentes locais pelo mundo, como no Japão, Canadá, Estados Unidos e Itália, mas porque suas fotos são poéticas e carregam um grande peso metafórico. Isso porque Robert aparece diversas vezes como um homem simplório que, em seus afazeres diários, tenta, de maneira simbólica, interagir com um planeta sujo e sombrio - seja por conta da poluição provocada pelo lixo ou por uma tristeza que provoca a fumaceira que domina as imagens.


"Minhas fotografias contam histórias de perdas, da luta humana e da exploração pessoal por cenários marcados pela tecnologia e pela sobrecarga... Eu procuro conectar metafórica e poeticamente as ações de trabalho, os rituais idiossincráticos e as estranhamente cruas máquinas com as histórias sobre nossa experiência moderna".


Tanto Robert quanto Shana são graduados em artes visuais. Depois de ter concluído seus estudos na Universidade do Novo México, em 1990, Robert adquiriu o título de mestre em artes visuais pelo Instituto de Arte da Cidade do Kansas, em 1994, e Shana se tornou bacharel em belas artes pela Faculdade Williams Woods, em Fulton, em 1986. Atualmente eles moram em Great Barrington, em Massachusetts, perto da faculdade de Holy Cross, onde Robert dá aulas de fotografia.


Mas o que chama atenção mesmo nas fotografias é a beleza no caos, na confusão causada pelas imagens surreais que trazem esse sentimento de esperança e, ao mesmo tempo, de tristeza. As séries Reclamation e Procession são dois exemplos que podem causar esse tipo de impressão, já que apresentam uma natureza controlada pelo homem, onde este é capaz de puxar as nuvens e segurá-las com cordas ou então descobrir o "tapete de grama" assim como Dalí ergueu a "coberta do mar" (Dali at the Age of Six, when he Thought he was a Girl, Lifting the Skin of the Water to see a Dog Sleeping in the Shade of the Sea, 1950).


Mas em vez de só provocar o estranhamento do surreal, Robert procura nos lembrar dos efeitos que causamos ao interferir na natureza e, para isso, manipula a fotografia durante a revelação ou então na impressão das imagens. Não se sabe muito sobre esses retratos, no quesito da técnica, mas se presta mais atenção na questão do estilo dos artistas e na mensagem que estes querem passar, especialmente conforme as cores escolhidas para as histórias ali registradas. E, no caso, ao propôr a discussão a respeito do nosso poder sobre a natureza, os ParkeHarrisons não só nos fazem pensar em nosso lado destrutivo e soturno, mas também numa leveza e numa simbiose entre as figuras humanas e os traços vegetais e animais não-humanos.