segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Reflexos: fãs de Nachtmahr e performances ao vivo

Nachtmahr, Uberbyte, Kommand + Kontrol, Method Cell @ O2 Islingon Academy, Londres

Fãs no show do Nachtmahr. Ambos trajam roupas semelhantes à farda da Juventude Hitlerista (Hitlerjugend). Exemplo: foto 1 foto 2 foto 3 foto 4 foto 5. As tranças da garota lembram esse famoso cartaz. Crédito da foto
Bandeira usada no mesmo show citadoa cima. O símbolo é uma águia de duas cabeças e uma coroa de folhas de louro. Algo mais próximo à insígnia romana que à do Terceiro Reich. Já a ave, chamada "águia bicéfala", esteve presente como signo nos impérios Bizantino, Russo e no Sacro Império Romano-Germânico. Esta, no caso, é bastante semelhante à usada pelo último. Isso confirma a junção do elemento greco-romano (coroa de folhas de louro), o qual simboliza a vitória. Crédito da foto
Imperial Ausrtrial Industrial foi o "selo" que Thomas Rainer escolheu para representar o estilo da banda (tanto musical quanto visual). Aí aparece um membro da banda (não fixo, mas que colabora com a mixagem enquanto Rainer canta) e as garotas de farda, sempre presente nas performances ao vivo. Crédito da foto
As garotas fardadas (Mädchen in Uniform). Enquanto uma sorri, a outra parece ter acabado de bater continência. O uniforme também lembra aquele usado pela Juventude Hitlerista. Crédito da foto
Thomas Rainer no mesmo show, usando roupa de tecido camuflado. Crédito da foto
Fotos adicionadas à comunidade do Nachtmahr no Facebook

Fãs num show da banda. Legenda da foto: "Imperial infantry" Crédito


Fãs vestidas com uniforme e com coldre de axila. Legenda: "Mädchen, Mädchen in Uniform" Crédito


A mesma fã anexa duas fotos à página do Nachtmahr, ambas traduzindo o elemento sexual presente na estética da banda. Vale observar que a águia de ferro e a Totenkopf foram "censuradas" no cap da segunda foto. (Valeu, Thor)
A bandeira da Alemanha ao fundo da foto em que o fã usa uma jaqueta estilo militar, uma faixa no braço com o N de Nachtmahr e uma máscara de gás, utensílio próprio ao exército.
Legenda da foto: It's time for war! Made my own armlet today and am ready to go out to war with some bad smelling punks! WELTMACHT!!!!
"É tempo de guerra! Fiz minha própria faixa para o braço hoje e estou pronto para ir à guerra com alguns punks fedidos! Dominação mundial!!!!"
Crédito



Uma das fãs no Facebook costuma vestir um ursinho panda com roupas semelhantes às usadas pelas garotas nos shows do Nachtmahr. Então que ela deve ter encontrado Thomas Rainer (foto 2) para poder entregar a pelúcia. Crédito 1 Crédito 2

Fã tatua trecho de Mädchen in Uniform (...Wunderschön und militant,  Konservativ extravagant, Offensiv und nonkonform, Mädchen in Uniform), mais a cruz de ferro usada para marcar aviões Stuka e tanques Panzer. Crédito

Escarificação (foto 1) da águia bicéfala e tatuagem (foto 2) do N de Nachtmahr

Bom, essa é uma primeira parte.. a próxima vou focar em como os fãs e a própria banda transformam a farda nazista e a indumentária militar em algo belo, esteticamente agradável e até mesmo com potencial erótico.

9 comentários:

  1. Na minha humilde opinião de quem apenas observa isso de longe sem maiores investigações, acho que parte do industrial faz com a iconografia nazista o mesmo que o metal fez com o imaginário satânico: uma apropriação estética de cunho fetichista, que abre duas brechas: a primeira delas, que poderia preocupar, é a nova possibilidade que simpatizantes do nazismo têm de manifestar seu entusiasmo de maneira indireta (como fizeram anos atrás, substituindo a suástica pelo Sol Negro para não se enquadrar nas leis que a criminalizam); a outra brecha, um pouco mais interessante, é o esvaziamento do sentido político de muitas dessas imagens, que poderiam ser "profanadas" quase como "espólio de guerra" por aqueles que passo a passo ousam desafiar tabus (neste caso, trazer a estética nazista para um terreno que os nazistas originais considerariam "degenerado" me parece uma postura quase iconoclasta).
    Isso vem sendo feito pela cultura S&M, pelo cinema exploitation e cada vez mais pelas subculturas musicais. O problema real, acho, seria um avanço paralelo das intolerâncias associadas ao neonazismo. Caso contrário, vejo essa apropriação (por exemplo) das vestes nazistas por garotas exibicionistas com os mesmo olhar de quem vê alguém vestida de freira em uma festa de Halloween. Ao transformar símbolos e vestes de instituições assassinas do passado em provocação erótica ou em sinal de transgressão estética de tabus, a cena industrial ajuda a debochar delas, mas corre o risco de ser infiltrada por fascistas deslumbrados pelas letras militaristas, infiltração essa que chegou a inspirar a criação do movimento RANT (Rivetheads Against Nazi Thugs).

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  2. Cid, muito legal seu comentário.

    Mas queria deixar uma provocação: enquanto os artistas da cena da música industrial podem (ou não) estar fazendo crítica e ironia, será que os fãs também estão? Será que essa garota seminua está se achando crítica e irônica? Será que eles estão conscientes disso? Precisava conversar com alguns...

    Outra coisa.. essa guerra que se tanto fala: será que é a mesma com soldados do exército, rifles e tanques? Será que eles querem uma guerra de verdade? Uma coisa meio NON: Do you want total war? haha

    (Tenho minha opinião sobre isso, mas deixo em aberto pra quem quiser pensar)

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  3. Olá. Chovendo via twitter again. Mas não sou stalker tá?

    "enquanto os artistas da cena da música industrial podem (ou não) estar fazendo crítica e ironia, será que os fãs também estão? Será que essa garota seminua está se achando crítica e irônica? Será que eles estão conscientes disso?"

    Provavelmente não. Esse é o risco constante da ironia. Há sempre aqueles que não a entendem e levam o discurso a sério. E a música e o seu universo estético, como qualquer outra forma de arte, permite uma abertura interpretativa que torna esse fênomeno possivel.

    Mesmo leituras muito aberrantes. Embora lendo aqui no seu blog não é necessariamente o caso uma vez que como demonstrado a cena industrial faz apropriação de elementos e símbolos nazistas/belicistas. Então não dá exatamente pra culpar apenas os fãs tresloucados que não entenderam a "piada".

    Se bem que como o Cid disse na década de 80 houve uma forte infiltração de elementos "satânicos" na cena do Metal... e isso não trouxe grandes repercursões.Vejo como ele disse mais como um fetichismo que acaba estetizando tudo e esvaziando o contéudo religioso ou no caso político-social da coisa.

    Têndencias fascitoídes com certeza não estão mortas... mas acho muito mais preocupante quando elas voltam sem farda e sob disfarces inocentes como tenta se demonstrar no filme "A Onda".

    Como diz em Umberto Eco em seu artigo o "Fascismo Eterno" é improvável que amanhã você encontre um verdadeiro neo-fascista gritando "Quero reabrir Auschwitz!". O lobo vem sempre disfarçado em pele de cordeiro.

    Mas quando os cordeiros se fantasiam de lobo, não acredito que seja muito preocupante.

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  4. Olá. Chovendo via twitter again. Mas não sou stalker tá?

    "enquanto os artistas da cena da música industrial podem (ou não) estar fazendo crítica e ironia, será que os fãs também estão? Será que essa garota seminua está se achando crítica e irônica? Será que eles estão conscientes disso?"

    Provavelmente não. Esse é o risco constante da ironia. Há sempre aqueles que não a entendem e levam o discurso a sério. E a música e o seu universo estético, como qualquer outra forma de arte, permite uma abertura interpretativa que torna esse fênomeno possivel.

    Mesmo leituras muito aberrantes. Embora lendo aqui no seu blog não é necessariamente o caso uma vez que como demonstrado a cena industrial faz apropriação de elementos e símbolos nazistas/belicistas. Então não dá exatamente pra culpar apenas os fãs tresloucados que não entenderam a "piada".

    Se bem que como o Cid disse na década de 80 houve uma forte infiltração de elementos "satânicos" na cena do Metal... e isso não trouxe grandes repercursões.Vejo como ele disse mais como um fetichismo que acaba estetizando tudo e esvaziando o contéudo religioso ou no caso político-social da coisa.

    Têndencias fascitoídes com certeza não estão mortas... mas acho muito mais preocupante quando elas voltam sem farda e sob disfarces inocentes como tenta se demonstrar no filme "A Onda".

    Como diz Umberto Eco em seu artigo o "Fascismo Eterno" é improvável que amanhã você encontre um verdadeiro neo-fascista gritando "Quero reabrir Auschwitz!". O lobo vem sempre disfarçado em pele de cordeiro.

    Mas quando os cordeiros se fantasiam de lobo, não acredito que seja muito preocupante.

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  5. Davide, muito obrigada pelo comentário!

    Bem, eu pretendo tirar essa dúvida sobre o entendimento dos fãs o mais rápido possível. Vou mandar mensagens no Facebook tentando contatá-los, já que, no mural de discussão da página da banda, ninguém mais respondeu.

    Sobre aqueles que estão disfarçados em pele de cordeiro (ou algo tipo o filme A Onda, que é bem legal), acho que eles nem podem se assumir mesmo tanto por ser ilegal quanto pelo fato de isso fechar portas pra eles. Acho que não o Nachtmahr, mas talvez a Feindflug ou outra banda semelhante foi impedida de tocar num lugar por causa das bandeiras vermelhas que lembravam a bandeira do Nacional Socialismo... por outro lado, Boyd Rice põe uma suástica num quadro em galerias de arte. O que quero dizer é que, podendo ou não ter um pensamento neonazista, não vale a pena assumi-lo: tanto ideologica quanto mercadologicamente. Em uma entrevista, o Thomas Rainer ficou irritado (como sempre parece, quando falam da possibilidade de o Nachtmahr ser nazista), dizendo que as pessoas sempre pensam nas piores coisas, por isso associam sua arte à estética nazista.

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  6. http://www.unaesthetic.com/justfascination.html

    esse artigo pode lhe ajudar, faz análise da relação estética fascista e industrial em todos os subgêneros do Industrial sem distinção, muito interessante sua pesquisa, aguardo um bom resultado, é interessante trabalhos acadêmicos em português sobre isso.

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  7. Realmente, não compensa para nenhum grupo declarar uma ideologia por trás de seu trabalho ABERTAMENTE.
    Acredito que não só Nachtmahr, como muitos outros, sempre estão 'comendo pelas beiradas'. Feindflug, prefiro nem comentar, porque chega a ser óbvia toda a alusão ao facismo, militarismo, e belicismo, tanto esteticamente quanto musicalmente.
    Ás vezes, coisas que são óbvias, se tornam isso justamente para NÃO PARECER que são. Afinal, sendo óbvio que eles não iriam assumir uma postura neo-nazista ou afim, quando se vê a estética o que se pensa? 'Não, mas é claro que isso é ironia', porém, nem sempre é apenas isso.
    Eu duvido muito de que esses artistas não saibam o fim ao qual querem chegar, ou não saibam que induzem muitas pessoas ao mesmo...

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  8. Noc, me senti na obrigação de responder, no sentido de dar um feedback, ao seu comentário como lido e considerado. Se puder, gostaria que entrasse em contato comigo para que conversássemos sobre esse seu ponto de vista, que será bastante proveitoso para minha pesquisa.

    Diorisma, muito obrigada pela dica. Estou aproveitando MUITO essa pesquisa do Leigh.. até cheguei a entrar em contato com ele, mas ele não soube dizer muito sobre Nachtmahr ou sobre bandas de industrial após anos 90. Mesmo assim, o artigo dele é excelente.. até já tinha salvo no meu PC, mas você que me lembrou.

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