segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Helnwein e Jung


"A anima acredita no belo e bom, o conceito primitivo anterior à descoberta do conflito entre estética e moral. Foi necessário um longo processo de diferenciação cristã para que se tornasse claro que o bom nem sempre é belo e o belo não é necessariamente bom. O paradoxo desse casamento de idéias não era um problema para os antigos, nem para o homem primitivo. A anima é conservadora e se prende à humanidade mais antiga de um modo exasperante. Ela prefere aparecer em roupagem histórica, com predileção pela Grécia e pelo Egito" p.38



"Se o confronto com a sombra é obra do aprendiz, o confronto com a anima é a obra-prima. A relação com a anima é outro teste de coragem, uma prova de fogo para as forças espirituais e morais do homem. Jamais devemos esquecer que, em se tratando da anima, estamos lidando com realidades psíquicas, as quais até então nunca foram apropriadas pelo homem, uma vez que se mantinham fora de seu âmbito psíquico, sob a forma de projeções. (...) Para o homem da Antiguidade a anima aparece sob a forma de deusa ou bruxa; por outro lado, o homem medieval substituiu a deusa pela Rainha do Céu e pela Mãe Igreja. O mundo despido de símbolos do protestante produziu, antes de mais nada, um sentimentalismo mórbido, agravando o conflito moral que, por ser insuportável, conduziu logicamente ao 'além do bem e do mal' de Nietzsche." p.39


JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Editora Vozes, 2000

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