Logo nos primeiros minutos do documentário, Tom Zé aparece comentando sobre a performance Música e Músicas, de 1978, no qual a banda utiliza uma espécie de sampleamento de gravações de rádio para compôr uma canção múltipla que, aos poucos, vai se complementando com a presença de enceradeiras, serrotes, rádios a pilha e outras ferramentas do cotidiano que se misturam a violões e vocais repetitivos ou que cantam jingles de publicidade. Música dadaísta, música ferramental, música da fábrica, industrial. Essa performance me chamou muito a atenção porque me lembrou imediatamente o começo do filme Halber Mensch, filmado por Sogo Ishii, em 1986, isto é, 8 anos depois com a banda alemã de música industrial Einstürzende Neubauten.
À direita, "Alquimistas do Som" (00:01:28). À esquerda, "Halber Mensch" (05:38). O primeiro usa uma enceradeira, o segundo usa uma lixa contra uma placa de metal
Alquimistas do Som (00:01:49) usando serrotes contra uma superfície metálica. Halber Mensch (05:12) usando um bastão de metal contra um carrinho de supermercado
Alquimistas do Som (00:01:51), instrumentos musicais + instrumentos de solda. Halber Mensch (05:57) uso do martelo contra superfície metálica em substituição de baquetas e tambor
É claro que o estilo do Einstürzende Neubauten é bem diferente, mas a estética da performance e as referências feitas ao cenário industrial, a crítica à mídia e a colagem dadaísta são características da música experimental brasileira que entram em congruência com a música industrial que acontecia lá fora. Mesmo porque isso foi em épocas próximas, levando em conta que a música industrial começou com bandas como Throbbing Gristle, Cabaret Voltaire e Einstürzende Neubauten justamente no fim dos anos 70.
Fica aí a sugestão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário