segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Regina José Galindo

Esses tempos estive lendo e escrevendo sobre acionismo vienense para a minha dissertação. Agora, vasculhando minha timeline do Tumblr, vi essa imagem de uma das performances do Günter Brus, um dos artistas do Acionismo Vienense.

bodyanalysis / ações 1964-70

O Acionismo Vienense foi um movimento ocorrido nos anos 1960, em Viena, e contou com artistas como Günter Brus, Otto Mühl, Hermann Nitsch e Rudolf Schwarzkogler. Suas manifestações artísticas, que eram feitas em forma de happenings (performances improvisadas), tanto promoviam “ações com forte caráter ritualístico e religioso, onde sacrifícios de animais ou sevícias e mutilações ao próprio corpo do artista podiam ocorrer” (BAITELLO JR, 1990, p.88) quanto “happenings eróticos e orgiásticos que buscam a ruptura total com os tabus religiosos em relação ao corpo” (Idem).

Pensando agora, o movimento contou apenas com participações de homens! E, no caso de Brus, uma de suas ações mais marcantes foi a chamada "Kunst und Revolution", realizada na Universidade, em 1968. Nessa mesma ocasião, estavam presentes Otto Mühl e Oswald Wiener, que acompanharam o artista subir em uma cadeira, ferir-se com uma lâmina, urinar em um copo e depois beber, para então defecar e espalhar as fezes sobre o próprio corpo. Em seguida, Brus teria deitado no chão e começado a se masturbar enquanto cantava o hino nacional da Áustria. Em consequência, os três artistas presentes foram sentenciados a dois meses de prisão.

Günter Brus, Kunst und Revolution, 1968

Agora pensem numa mulher fazendo isso. Na verdade, não sei se isso aconteceria dessa forma e não proponho essa contraposição de uma maneira sexista, mas porque homens e mulheres têm uma sensibilidade diferente, quase que espiritualmente falando (animus e anima). Não sei se as coisas se dariam dessa forma. O que temos de mais próximo nesse sentido é a artista guatemalteca chamada Regina José Galindo, que faz performances desde 1999.

Limpieza Social, 2006

Seu trabalho é focado na violência contra o próprio corpo, seja em performances em que o público observa a agressão que a artista sofre ou quando ele participa das ações, como foi o caso de Alud (2011). Regina não só se preocupa em apontar os problemas sofridos pelas mulheres, mas todos os crimes políticos, as hierarquias sociais e segregações que enxerga como artista latina. Tornou-se conhecida principalmente depois de entrar no prédio do Congresso da Guatemala, em 2003, durante sua performance ¿Quién Puede Borrar las Huellas? (Quem pode apagar os rastros?), deixando marcas de seus pés sujos de sangue humano em protesto contra a candidatura do ex-ditador da Guatemala José Efraín Ríos Montt. Outra notável ação sua foi Perra (2005), na qual ela escreveu a palavra perra (cadela) em sua perna, em protesto contra a violência contra as mulheres.

Alud, 2011

No perdemos nada con nacer, 2000

No perdemos nada con nacer, 2000

Perra, 2005

Referências

BAITELLO JR, Norval. Mini-dicionário de Arte V. In: Revista Galeria nº 20. São Paulo: Área Editorial, 1990.
Regina José Galindo http://www.reginajosegalindo.com/

Um comentário:

  1. Interesante, e ser humano debe accionar contra y en pro de sus instintos para poder llegar a conocer al menos 1/4 parte de su "integridad" y "naturaleza" humana, de ese modo podrá vivir en un efusivo intento de reencuentro personal.

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