sexta-feira, 24 de junho de 2011

To be Nazi or not to be, that's the question

Acabei de receber o parecer da primeira parte da minha pesquisa. Apesar da nota alta, fiquei decepcionada com algumas considerações. Eu ia fazer um longo desabafo, mas prefiro resumir em duas as cobranças que me foram feitas: escolher se a banda é nazista ou não e fazer mais julgamentos.

Acho que, aos poucos, começo a sentir o mesmo que o Thomas Rainer sente nas entrevistas em que ele é simplesmente questionado se é ou não nazista, por causa da estética da Nachtmahr. Querem uma solução, querem 1 ou 2: fascista ou não. Consideram impossível haver arte sem haver política, ideologia - no sentido do senso comum, de partidos políticos, de esquerda e direita.

"Como os símbolos nazistas podem ser usados sem ideologia depois da Segunda Guerra Mundial?", perguntaram-me.

Acontece que praticamente nenhum símbolo nazista é puramente criação deste regime. O alfabeto rúnico é de origem dos povos anglo e nórdico, gente que viveu no século XIV. A águia, a coroa de louros e os brasões são símbolos que vêm dos romanos, da era medieval. A suástica, raramente utilizada pelas bandas da música industrial, é um símbolo místico que foi utilizado pelos índios Hopi, pelos astecas, celtas, budistas, gregos, hindus... Não são símbolos nazistas, mas que foram reinterpretados no Terceiro Reich e hoje, pela força e pela proximidade, é mais fácil associar tais ícones com as ações de Hitler que com qualquer outra coisa.

E mesmo que elas estejam sendo utilizadas no sentido de lembrar o nacional socialismo, na arte, tudo deve ser explicado e concluído? Pego alguns exemplos que uso na minha monografia.


Death in June


A banda de neofolk britânica Death in June, criada por Douglas Pearce, veio de um projeto punk esquerdista, o Crisis. Na época, em 1977, eles tocavam em festivais de rock contra o preconceito, porque já havia a sensação de que seu trabalho era simpático à ideologia nacional socialista. No entanto, as referências ao Terceiro Reich realmente existem, na Death in June. O próprio nome da banda relembra Ernst Röhm, comandante do batalhão nazista Sturmabteilung, que foi assassinado pelo regime por conta de sua homossexualidade. Essa inspiração provém da opção sexual de Pearce, que se assume abertamente como gay. Além disso, o grupo mantém como logo a Totenkopf da SS com o número 6 – a caveira significa a morte enquanto o número remetia ao sexto mês do ano, junho. Death in June faz menção à data do assassinato de Röhm.


Acontece que em 2005, o álbum Rose Clouds of Holocaust foi banido na Alemanha, sendo que a obra foi lançada em 1995. O governo alemão procurou Pearce para que ele esclarecesse as suas intenções, por isso, em 2006, ele publicou numa lista de discussão do Yahoo várias explicações sobre a banda, desde letras a símbolos. Junto disso, um desabafo:
Toda arte, seja em forma de música, literatura, pintura etc que se preze deve estar aberta à interpretação. Dessa forma, essa postura também acaba gerando atribuições erradas; às vezes boas, às vezes ruins. Esta é a natureza da arte que desafia ou confronta o consumidor, ou o consumidor em potencial, a ter outra interpretação. (PEARCE, 2006)
A mesma coisa aconteceu com o álbum Brown Book, porque a música Horst-Wessel-Lied, que faz parte da tracklist, foi o hino oficial da tropa Sturmabteilung. Há na constitução alemã a proibição de uso de símbolos de organizações inconstitucionais.

Laibach


Na noite de 26 de setembro de 1980, um pôster foi colado nas paredes da Eslovênia, na cidade de Trbovlje. No papel, uma cruz negra e a palavra “Laibach” que, mais tarde, numa outra versão de cartaz, acompanharia o desenho de uma cena de mutilação, em que um assaltante arranca o olho da vítima usando uma faca. Esse foi o estopim para que as pessoas passassem a prestar atenção no retorno do nome que, outrora, intitulou a capital do país, Ljubljana. Durante a ocupação nazista, no período entre 1943 a 1945, a cidade voltou a ser chamada de Laibach, assim como era em 1335, sob o domínio da Monarquia de Habsburgo. Essa cruz negra, apesar de tudo, não estaria necessariamente relacionada aos fatos históricos mencionados:

Há fortes paralelos com os motivos supremacistas de Kazimir Malevich. Cruzes similares eram freqüentemente usadas pelo conceitualista alemão Joseph Beuys, fonte de vários conceitos e motivos da Laibach/NSK. O pôster também lembra as marcas de cruz negra usadas nos veículos e aviões na Segunda Guerra Mundial (MONROE, 2005, p.3).

 
À esquerda, cartaz de uma exposição da Laibach. À direita, pintura de Magritte, que serviu de inspiração para a banda eslovena

Conforme as associações feitas pelo autor e pelos contemporâneos ao fato, os cartazes foram censurados e a apresentação anunciada foi banida. Mesmo assim, Laibach já mostrava seu impacto conforme a missão de “explorar as relações entre a arte e a ideologia através de diversos meios (incluindo os meios da ‘nação’ e ‘estado’)”. A banda faz parte do movimento artístico Neue Slowenische Kunst (NSK), o qual está conectado à história da Eslovênia, Iugoslávia e de toda Europa. É deste ponto de vista que se deve interpretar os assuntos abordados pelo NSK:
Autoritarismo esloveno, a ênfase na construção da nação através da atividade cultural e a natureza plural da ‘nação’. Os trabalhos da NSK podem ser lidos como um tipo de história espectral dos paradoxos reprimidos e feridas que estruturam a cultura e a identidade eslovenas. Esta é uma história é baseada nas lacunas e quebras, no terrível, no problemático e no inassimilável elemento ao centro da identidade nacional: tudo que as historiografias nacionalistas procuram reprimir ou silenciar (MONROE, 2005, p.17).
(...)

Laibach acabou se transformando numa banda “germanizadora” (o que eles chamavam de Germania (germanic mania ou mania germânica). Apesar de a Iugoslávia e outras repúblicas também terem sido ocupadas pelos nazistas e forçadas a mudar seus nomes, apenas a Eslovênia mostrou tensão quanto ao título do grupo. Nos outros países, a preocupação foram os símbolos germânicos, fascistas e que faziam relações com elementos totalitaristas. Isso acabava acendendo a memória de uma guerra traumática:

A germanização permaneceu como um assunto muito mais doloroso e ambíguo para os eslovenos do que para outros (ex-) iugoslavos. As áreas eslovenas ocupadas pelos nazistas foram apenas áreas eslavas inabitadas que foram diretamente incorporadas ao Reich. Os eslovenos foram o único povo que os nazistas sistematicamente tentaram assimilar em vez de simplesmente subordinar. Na mente da geração pós-guerra, tratar da germanização continua sendo traiçoeiro. A emergência de uma contracultura germanizada contesta a identidade eslovena germanizada/iugoslavizada após a guerra (MONROE, 2005, p.157).
A banda, ativa até hoje, parece ter “prazer em confundir as expectativas que suscitam – tanto incluindo elementos irônicos e contraditórios quanto desmentindo qualquer ligação possível às tendências que ‘amostram’” (MONROE, 2005, p.49). Mesmo assim, o autor considera que a Laibach possa usar tais objetos como uma forma de condená-los através da própria utilização. Ainda que o grupo estivesse mostrando admiração por eles, esta também seria ambígua, confundindo-se à música dançante. Tudo leva à dúvida, pedindo por uma interpretação que descasque os vários níveis da mensagem passada pelo Neue Slowenische Kunst:

Essas são as qualidades irracionais ou perturbadoras que contradizem a imagem pública do sistema e, se trazidas à superfície, impedem seu funcionamento e perpetuação. [...] Laibach estava antecipando o publicamente reprimido mas ainda forte totalitarismo e os impulsos irracionais presentes dentro do sistema. Do mesmo modo, as intervenções no campo da cultura pop, particularmente as regravações de músicas do Queen, Rolling Stones e outros foram tentativas de ressaltar a interpretação não conhecida do rock como uma forma de entretenimento massivo da mobilização fascista. Ao restaurar essas características reprimidas, Laibach criou um tipo de fixação parasita que questiona tanto o sistema quanto os absolutismos que, consciente ou inconscientemente, estruturam-no, colocando em movimento suas contradições e, como Žižek argumenta, ‘suspendendo sua eficiência’ (MONROE, 2005, p.12).
Todos os ícones usados numa composição de difícil assimilação pública acabam gerando rótulos automáticos à banda, tratando-os como fascistas, totalitaristas ou mesmo anarquistas e “terroristas espirituais”. GRZINIC (1991), no entanto, procura reforçar que apesar da escolha estética, trata-se de uma manifestação no domínio da cultura e da arte, mas nunca da política. Essa condição, para a autora, já é suficiente para afastá-los do totalitarismo do Estado e seus aparatos ideológicos.

E por aí vai. Eu poderia listar mais o Boyd Rice, que usa a runa Wolfsangel, que foi utilizada pela Schutzstafel (SS), como a 2ª Divisão Das Reich e a Polizei Division, além de representar a árvore de Yggdrasil que, localizada ao centro do universo, ligava os nove mundos da cosmologia nórdica.

É uma pena que a pergunta que fique seja: mas eles são nazistas ou não?


ERJAVEC, Ales; GRZINIC, Marina; The Eighties in Slovene Art and Culture. Ljubljana: 1991
MONROE, Alexei. Interrogation Machine. Massachusetts: MIT Press, 2005
PEARCE, Douglas. News Death In June: Rose Clouds of Holocaust "banni" en Allemagne - declarations de Douglas P. <www.deathinjune.org/modules/news/article.php?storyid=70>



Click here to read the English version:

sábado, 18 de junho de 2011

Overdose Party - 08/07


Hallo, Leute! Brincadeira hahah... mal estou indo na aula de alemão e ainda tenho que comprar um dicionário pra me virar lá em Viena. De qualquer forma, o grande dia está chegando - o que é muito legal e ao mesmo tempo assustador.

Como eu havia falado em outro post, no dia 8 de julho vai ter uma festa Overdose em Salzburg, a qual irá acontecer numa espécie de bunker abandonado. Finalmente tive uma confirmação de que posso ir a esse evento e, ainda bem, acompanhada de um amigo da faculdade. Estou bem animada! Agradeço ao DJ pAndorA, que deixou um comentário me oferecendo um espaço na lista de convidados.

Pra quem quiser ter uma idéia de como é uma festa Overdose, dêem uma olhada na galeria.

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Hallo, Leute! Just kidding hahah.. I've been really absent on my German classes and I still need to buy a dictionary to survive in Vienna. Anyway, the great day is coming - and that is as nice as scary.

As I told you in another post, on July 8th there'll be a new Overdose party in Salzburg, which will happen in a place that seems to be an old bunker (now a night club). Finally I got a confirmation to go to this event and, luckily, a friend from college will acompanny me. I'm really excited! Thanks to DJ pAndorA, who left me a comment offering a opportunity to be part of the guest's list.

For those who want to see how Overdose party looks like, check the gallery.




Club B.lack photos

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Novo logo da Nachtmahr, no Facebook

Na verdade, faz um tempinho que já foi publicado. No dia 30 de maio, a imagem da página da Nachtmahr no Facebook mudou para este logo:

Utilizando o formato dos brasões medievias, o símbolo reutiliza o N de Nachtmahr texturizado em grunge e põe uma faixa com a sigla "AEIOU", que significa "Alles Erdreich ist Österreich untertan", em alemão. Traduzindo literalmente, a frase diz "Todo o solo está sujeito à Áustria" - entende-se solo como o mundo. Trata-se de um lema utilizado pela dinastia Habsburgo e criado pelo emperador Frederick III (1415-93). A frase, que era incorporada a construções e objetos em forma de acrônimo (sigla), nunca teve sua definição confirmada, por isso, há outras versões em latim como:

Austria est imperio optime unita (A Áustria é o império que reúne os melhores)
Austria erit in orbe ultima (A Áustria irá sobreviver ao mundo) > algo como "a Áustria prevalescerá"
Austriae est imperare orbi universo (É destino da Áustria dominar o mundo todo)

Já em 1951, o historiador e sociólogo Eugen Rosenstock-Hessy sugeriu uma outra interpretação: Austria Europae Imago, Onus, Unio (A Áustria é a imagem da Europa, o fardo e a unificação).

Essas informações foram retiradas e traduzidas rapidamente do verbete A.E.I.O.U. da Wikipedia em inglês, mas fica aí a provocação para quem não notou a semelhança entre este lema e o refrão do hino da Alemanha, que é "Deutschland über Alles" (Alemanha acima de tudo). Durante a Segunda Guerra Mundial, a primeira estrofe da música era tocada seguida pela Horst-Wessel-Lied, canção escrita por Horst Wessel, comandante da Sturmabteilung, e que serviu de hino para o Partido Nazista.

sábado, 4 de junho de 2011

Apresentação marcada em Viena

Acabou de sair a programação das apresentações na Universidade de Viena. Minha "palestra" ficou marcada pro dia 5 de julho, às 9 da manhã, como vocês podem ver aí na figura. Fiquei feliz de me colocarem num painel de semiótica!

Enfim... Já estou me organizando em como vou aproveitar a estadia na Áustria e acabei de receber mensagens do Thomas Rainer no Facebook, para agendarmos a entrevista e também para ver se é viável que eu vá a uma festa em que ele irá discotecar, em Salzburg. Mas várias coisas estão me impedindo de ir à Overdose do dia 8 de julho. De qualquer forma, se eu não conseguir, vou tentar alguma festa em Viena mesmo.

Ontem, lendo um livro que meu orientador me emprestou, "A História do Diabo" (Editora Annablume, 2005), de Vilém Flusser, achei um trecho bem interessantes de serem relacionados ao assunto que venho estudando:

"Ética e lógica são aspectos de frases que surgem como conseqüência da abstração, como conseqüência do afastamento do pensamento da vontade. Ética e lógica são sintomas de pensamentos abstratos. A vontade, essa fonte da realidade, está além da ética e da lógica, além do Bem e do Mal, e além da verdade. A manifestação imediata da vontade é a beleza. A mente possessa pela vontade criadora é uma mente soberba. Ela se localiza além do Bem e do Mal, e sabe que arte é melhor que verdade. A música é a articulação mais pura desse clima da mente.

Música é beleza pura. Música é articulação da realidade. A essência da realidade (que é a vontade criadora) é a beleza. A estrutura da realidade são as regras da estética, é a harmonia. Ouvindo música, estamos sendo confrontados com a estrutura da realidade. É esta a razão da profunda emoção que a música nos causa, e do senso de exaltação e libertação que ela em nós provoca. Ante a música explodem mentira e pecado, e igualmente verdade e bondade. A música é o argumento derradeiro. Depois da música, nada mais pode ser dito. E o que não pode ser dito, precisa ser calado. Música dissolve Deus e o diabo, aniquila a ambos. Toda argumentação e toda dialética estão superadas e tornadas insignificativas pela música, a música as encerra. Sentimos, ao ouvirmos música: é ela a nossa origem e a nossa meta. A língua tornada beleza, que é a música, representa o nosso caminho mais direto rumo ao auto-reconhecimento. A música vence a ilusão, porque representa diretamente a realidade, que é nossa vontade criadora. É ela língua pura. A língua pura é sepultura de Deus e do diabo." (p.164)

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The schedule of presentations in University of Vienna has just been published. My "lecture" will happen on July 5th, at 9 am, as you can see on this picture above. I'm so glad to be included on a semiotics panel!

Anyways... I'm already organizing myself as how I'll enjoy my travel to Austria and I just received some messages from Thomas Rainer on Facebook. We will set the date for the interview and he just told me about a party where he will be DJing, in Salzburg. Unfortunatelly, lots of things are impeding me to go to Overdose on July 8th, but that's not a final decision or answer. Nevertheless, if it really doesn't get possible, I'll try to go to another club or party in Vienna.

Yesterday I was reading a book I borrowed from my supervisor Professor, "The History of the Devil", by Vilém Flusser, I found a quote really interesting to be related to the subjects I've been studying:

"Ethics and logic are aspects of sentences that exist as consequences of abstraction, as consequence of the removal of the thought of will. Ethics and logic are symptoms of abstract thoughts. The will, this source of reality, is beyond the ethics and logic, the Good and Evil, the truth. The immediate manifestation of will is the beauty. The mind possessed by the creative will is a superb mind. It lies beyond good nad evil, and knows the art is better than the truth. Music is the purest articulation of this state of mind.

Music is pure beauty. Music is the articulation of reality. The essence of reality (which is the creative will) is the beauty. The structures of reality are rules of aesthetics, of harmony. As we listen to music, we have been confronted by the structures of reality. This is the reason of the deep emotion that music provokes in us. The lies and sins explode as they face the music, and also truth and goodness. Music is the ultimate argument. After music, nothing can be said. And what cannot be said must be silent. Music dissolves God and the Devil, it kills them both. Every argumentation and every dialetic are supressed and made insignificant by music, music finishes them. We feel as we listen to music: it is our origin and our goal. The language is turned into beauty, which is the music, it represents our path toward self-recognition. Music wins the illusion, because it represents directly the reality, which is our creative will. It is pure language. The pure language is the grave of God and the Devil."

quinta-feira, 2 de junho de 2011

War on the dancefloor teaser


Apesar de eu já ter concluído meu paper "War on the dancefloor: the martial character on Nachtmahr", para a Universidade de Viena, eu ainda não posso publicá-lo - porque ele não estar pronto para tal. Mesmo assim, eu preparei um vídeo para explicar e exemplificar melhor do que minha pesquisa trata aos que estarão presentes na minha exposição. Então, fica mais como um teaser pro meu artigo do que qualquer outra coisa...

Mesmo assim, o resumo é este:


Abstract: This research focuses on the Austrian band Nachtmahr, founded in 2007 by the Viennese musician Thomas Rainer. It is a group of industrial music, a cultural movement that emerged in the late 1970s, which combines features of electronic music with the experimental character of avant-garde art. This study will analyse the martial character in Nachtmahr through the costumes and song lyrics. Therefore, we face the main paradox: as the band's motto ("I only have one interest: I don't care if you live or die: I just wanna see you dance!") points out the concern of the musician in only providing entertainment to the fans, the compositions show metaphors close to the history of World War II. Nevertheless, Rainer adopts an aesthetic similar to the one used by the Nazi regime even though the artist and former soldier claims his work is not apologetic. This paper attempts to point out martial elements through the evolution of industrial music movement until the present, in which Nachtmahr presents an erotic fascist aesthetic with a non-political discourse.

Keywords: Industrial music, Nachtmahr, Nazism, fascism, martial, World War Two, eroticism

Resumo: Esta pesquisa tem como foco a banda austríaca Nachtmahr, fundada em 2007 pelo músico vienense Thomas Rainer. Este é um grupo de música eletrônica, um movimento cultural que surgiu no fim da década de 1970, no qual elementos da música eletrônica se combinam com o caráter experimental da arte avant-garde (vanguardista). Este estudo analisa o caráter belicista em Nachtmahr através das roupas e das letras das músicas. Além disso, nós encontramos como principal paradoxo conforme o lema da banda ("Eu apenas tenho um interesse: Não me importa se você está vivo ou morto, só quero ver você dançar!") aponta para a noção de que o músico está preocupado apenas em entreter os fãs, enquanto as composições mostram metáforas próximas à história da Segunda Guerra Mundial. Acima de tudo, Rainer adota uma estética similar à utilizada pelo regime nazista, apesar de o artista e ex-soldado indicar que seu trabalho não é apologético. Este artigo pretende apontar os elementos belicistas através da evolução do movimento da música industrial até o presente, no qual Nachtmahr oferece uma estética fascista erotizada com um discurso não-político.

Palavras-chave: Música industrial, Nachtmahr, nazismo, fascismo, belicismo, Segunda Guerra Mundial, erotismo