terça-feira, 7 de maio de 2013

Carl Gustav Jung fala sobre a morte


Algumas citações desse vídeo:

The psyche doesn't depend on these confinements. And then what? When the psyche is not under that obligation to live in time and space alone, and obviously it doesn't, then, to that extent, the psyche is not supressed to those worlds. That means a practical continuation of life, of a sort of kind of psychic existence beyond time and space.*

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"Belief is a difficult thing for me. I don't believe. I must have a reason for a certain hypothesis. If I know a thing, I'm gonna know it, I don't need to believe it. If I don't allow myself, for instance, to believe a thing just for the sake of believing it, I can't believe it, but when there are sufficient reasons for a certain hypothesis, I shall accept".

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"Life behaves as if it were going on. So I think it's better for old people to live on, to look forward to the next day as if he had to expend centuries and then he lives properly. But when he is afraid, when he doesn't look forward, he looks back, it petrifies you. He dies before his time. But when he is living looking forward to a greater adventure that is ahead, then he lives".

* tive dificuldade em ouvir essa parte, então, se tiver trocado alguma palavra, por favor me corrijam :) mas acredito que mantive o sentido daquilo que ele quis dizer, no vídeo.

Visto em OPEN CULTURE

domingo, 5 de maio de 2013

TRANSfiGURATION, de Olivier De Sagazan, e Der Untermensch, de Gottfried Helnwein



A performance TRANSfiGURATION do artista Olivier De Sagazan tem como proposta pensar sobre identidade - não aquela cultural ou nacional, mas quem somos nós? Usando algo como argila para montar seus novos rostos de aspecto monstruoso, o performer ainda colore as novas faces com tinta preta e vermelha, que são tons que bem traduzem a violência e a aflição de seus gestos e murmuros.

TRANSfiGURATION faz parte do filme Samsara (2011), de Ron Fricke, o qual contou com a produção de Mark Magidson, que também colaborou com o filme Baraka (1992). Filmado durante cinco anos, em 25 países, o longa continua os assuntos desenvolvidos em Baraka (1992) e Chronos (1985) ao explorar as maravilhas do nosso mundo, sejam estas parte do âmbito mundano ou místico, sempre tendo em vista a jornada espiritual do ser humano e as experiências vivenciadas por estes, durante esse processo. Trata-se de um filme de certa forma documental, mas que se preocupa mais em propôr uma meditação aos seus espectadores.

E a performance do francês, isoladamente, também não deixa de fazer esse convite. Ao vestir (ou mostrar) suas diversas faces (personas), Olivier quer que a audiência saia da sua zona de conforto e olhe para dentro de si, desde suas partes mais claras às mais obscuras e incômodas. Com isso poderíamos pensar no processo de individuação ou mesmo o encontro (e confronto) com a nossa sombra, um primeiro passo antes de nos aventurarmos com nossa anima.

"Se o confronto com a sombra é obra do aprendiz, o confronto com a anima é a obra-prima. A relação com a anima é outro teste de coragem, uma prova de fogo para as forças espirituais e morais do homem. Jamais devemos esquecer que, em se tratando da anima, estamos lidando com realidades psíquicas, as quais até então nunca foram apropriadas pelo homem, uma vez que se mantinham fora de seu âmbito psíquico, sob a forma de projeções" 
JUNG (2000, p.39).

Esse vídeo me chamou ainda mais atenção porque me lembrou os auto-retratos de Gottfried Helnwein, reunidos na série Der Untermensch (1970-1987). Nela o artista retoma aquilo que fazia no início de sua carreira artística: saía pelas ruas de Viena usando bandagens e sangue no rosto, desfigurando-se tais como os fetos deformados que fotografara na série Sleeping Angels e como demais personagens que aparecem em sua obra. O artista se torna um subhumano - um subproduto do inconsciente, um subproduto das relações humanas, a subconsciência.

The Debut (1987) - Gottfried Helnwein

"Como uma pessoa tão amigável como Helnwein consegue tornar essas - excelentes - pinturas em um espelho dos horrores deste século? Ou é isso que ele não consegue deixar de fazer? Seu espelho apenas reflete as atitudes do século? TERROR SEM FIM É MELHOR QUE UM FIM EM TERROR. Acontece de quando em quando - estimativa de morte, uma consequência das 'estastísticas' tornando-a um tabu. Perseu guilhotina a Górgona no espelho -, e quando a cabeça cai, é a sua própria. Quantas cabeças uma pessoa/homem pode ter na nossa era de espelhos?"
Müller (1988)

Referências

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Editora Vozes, 2000
MÜLLER, Henry. Black Mirror. 1988. Disponível em: <http://italia.helnwein.com/texte/selected_authors/artikel_117.html>

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ein Gleiches (Blixa Bargeld, Goethe e Operação Valquíria)


Estava vendo outra vez esse vídeo e resolvi procurar a letra, então que descubro que, na verdade, Blixa Bargeld (Einstürzende Neubauten) está interpretando alguns dos poemas mais famosos de Johann Wolfgang von Goethe, o segundo que faz parte da obra Wandrers Nachtlied (Canção Noturna do Andarilho), composta por duas poesias ou canções, a primeira (Der du von dem Himmel bist/Tu que está no céu) escrita em 1776 e a última (Ein Gleiches/Über allen Gipfeln/Um outro/Acima de todos os cumes) em 1780.

Wandrers Nachtlied I - Der du von dem Himmel bist


Der du von dem Himmel bist,                             Thou that from the heavens art,                      Tu que estás no céu,
Alles Leid und Schmerzen stillest,                   Every pain and sorrow stillest,                     Todo pesar e dor acalma,
Den, der doppelt elend ist,                      And the doubly wretched heart               E aquele que é duplamente infeliz,
Doppelt mit Erquickung füllest.           Doubly with refreshment fillest,        Duplamente com frescor se preenche,
Ach, ich bin des Treibens müde!                I am weary with contending!                Ah, eu estou cansado do tumulto!
Was soll all der Schmerz und Lust?                  Why this rapture and unrest?                 O que é toda essa dor e êxtase?
Süsser Friede,                                                                Peace descending                                     Doce paz,
Komm, ach! Komm in meiner Brust.            Come ah, come into my breast!        Ah, venha! Venha para meu peito.


Wandrers Nachtlied II - Ein gleiches


Über allen Gipfeln                                           Above all summits                                     Acima de todos os cumes
Ist Ruh,                                                                  it is calm.                                                       é calmo,
In allen Wipfeln                                              In all the tree-tops                                       Em todo topo de árvore
Spürest du                                                           you feel                                                           você sente
Kaum einen Hauch;                                       scarcely a breath;                                     Quase nenhum sopro;
Die Vögelein schweigen im Walde.   The birds in the forest are silent,       Os pássaros estão quietos na floresta.
Warte nur, balde                                           just wait, soon                                            Apenas espere, logo
Ruhest du auch.                                            you will rest as well!                              você também irá descansar!



É dito que Goethe escreveu essas poesias pensando num cenário de silêncio em contraposição à inquietude do homem que, no entanto, espera pelo sono, pela morte e pela paz.

O segundo poema foi musicalizado por John Ottman no filme Valkyrie (2008) de Bryan Singers - Operação Valquíria, na versão brasileira. A canção foi inserida no longa como um lamento à abortada tentativa de assassinato de Adolf Hitler em 20 de julho de 1944, que é um dos assuntos abordados na obra cinematográfica.

PS: A tradução em português foi feita baseada na versão em inglês, de Henry Wadsworth Longfellow, mais a interpretação do original, em alemão.