Durante a graduação na Academia de Belas Artes em Viena, a mesma que não aceitou Hitler como estudante (e isso, para Helnwein, foi um dos grandes erros dessa instituição na qual ele, inclusive, não graduou), Helnwein organizou uma Aktion que foi tipo uma rebelião com uns amigos (Die Akademie brennt, 1970). Nessa entrevista para a Süddeutsch Zeitung Magazin, ele conta qual foi o contexto. Vou traduzir mais ou menos a resposta dele:
"Aquela era a época certa para revoluções, não havia outras opções. A academia e as universidades pareciam formigueiros. Todas estavam cheias de neomarxistas, maoístas, trotskistas, spartakistas e qualquer outra coisa que eles próprios se insultavam, discutiam dia e noite sobre pôsteres do Che Guevara e sobre a emancipação do proletariado. Ali estavam as crianças ricas de pais burgueses que nunca viram verdadeiros trabalhadores por perto. Os verdadeiros operários, pelo que eu entendia, obviamente viviam num universo paralelo, porque eles, [os estudantes], não tinham idéia do que seria sua iminente liberação do sistema capitalista. E eles também não tinham nenhuma palavra sobre essa incoerência. Eles normalmente tinham noção de outras coisas: carros, futebol, televisão, cerveja e revistas pornográficas.
Para mim ficou bem claro que os debatedores jamais iriam fazer um verdadeiro motim. E eu mesmo permiti que a revolução que eu por tanto tempo esperei começasse. Eu chamei alguns amigos apolíticos e nós tornamos a academia um inferno fumacento. Todos extintores foram ativados, tinta feita por nós mesmos e bombas de fumaça e mau cheiro voavam por todos os lados, pelas janelas e eram jogadas no pátio.
Quando uma centena de policiais cercou o prédio, nós escalamos e fugimos pela janela da cafeteria."
Nenhum comentário:
Postar um comentário