Em um ensaio pouco lido, publicado em 1991, Flusser estabeleceu de maneira cabal seu status como um praticante dos estudos culturais. Em "Äestetisches Erziehung" - "A educação estética" -, à página 124, o filósofo leva-nos a considerar o sujeito paleolítico que despertou para se tornar um uomo universale de modo que ninguém tivesse de se incomodar mais com a "divisão clássica entre os assim chamados três 'ideais': a verdade, o bem e a beleza".
Entretanto, com muito mais informação acumulada, o conhecimento do ser humano tornou-se especializado por padrão, e ninguém mais pôde ser considerado capacitado a ser "competente para a cultura inteira". Flusser não identificou especialização como um problema: a especialização seria necessária para facilitar o controle e a administração de massas de informação sobre a cultura. O que ele tinha era problema com a palavra "competente".
De acordo com Vilém Flusser, à página 126 do mesmo texto, generalistas devem ser educados com a ajuda de memórias artificiais, porque as metas da educação não são "filósofos contemplativos mas sim produtores ativos de informação nova, ou seja, participantes ocupados em acumular mais cultura". Referindo-se à estética como o ensino da experiência ("Erleben"), Flusser veemente advogou por um trabalho trans- e interdisciplinar, considerando-o como uma "criação dialógica e intersubjetiva".
Vilém Flusser: uma introdução - Vilém Flusser e os estudos culturais, de Anke Finger. Pg. 58
Editora Annablume. 2008.
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